O Ano da Vida Consagrada

O Ano da Vida Consagrada ajudou-nos a compreender melhor que a consagração não é exclusiva dos religiosos e das religiosas. A entrega total ao Senhor na Igreja, para a construção do Reino, é a vocação de todos os cristãos.

No entanto, a Vida Religiosa Consagrada (VRC) é um dom precioso, um presente que Deus faz a toda a Igreja. A VRC, repete o Papa Francisco, “nasce na Igreja, cresce na Igreja, está totalmente orientada para a Igreja”.

A VRC torna mais visível a vocação à santidade de todos os cristãos. É como a ponta do iceberg que emerge no oceano da Igreja de Cristo. É a seta que indica a meta comum de toda vocação cristã. Os votos de pobreza, castidade e obediência que os religiosos e as religiosas professam são como avisos de utilidade pública, que advertem todos os cristãos dos perigos que devem enfrentar na caminhada da vida cristã: a cobiça dos bens materiais, o culto idolátrico ao prazer, a sedução do poder.

No imaginário popular, entrar na VRC é “fechar-se em um convento”. Quando um(a) jovem decide entrar na VRC, não falta quem lhe diga: “Você pode fazer o bem e ajudar os pobres, sem deixar a família, o emprego, a namorada ou o namorado, os amigos e as diversões que o mundo te oferece”. 

Ao contrário, aos jovens que Deus dá capacidade e vontade de radicalizar sua vocação cristã, haveria que lhes dizer: “Não te feches nos limites do namoro, da família e do emprego. Abre-te para os horizontes mais amplos do amor, do serviço de Deus, da solidariedade humana”.

A VRC, bem vivida, é a radicalização da vocação evangélica. Ela nos lembra que toda vocação cristã deve ser vivida no horizonte da missão de Cristo e da Igreja, na disponibilidade para um amor maior, para o serviço dos pequenos, dos pobres, dos excluídos dos banquetes que o rei Baltasar oferece aos dignitários da corte das Babilônias de ontem e de hoje.

O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, tem manifestado o seu desejo de tornar a Igreja mais “pobre e para os pobres”. Na sua recente viagem à África, declarou que, entre os pobres, sente-se “em casa”, e exaltou a dedicação dos missionários que vivem entregues ao serviço dos pobres.

Agradeçamos ao Papa Francisco ter nos lembrado o valor da VRC, que “exprime a natureza íntima da vocação cristã e a tensão de toda a Igreja-Esposa para a união com o único Esposo” (Carta Apostólica às pessoas consagradas, por ocasião do Ano da Vida Consagrada, 21 de novembro de 2014).

Luís González-Quevedo, SJ

luisquevedosj@gmail.com

A ilustração da capa é o autor e um grupo de Servas de Maria Imaculada, Ivaí/PR, outubro de 2001

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