Os 3 Princípios da Vida Espiritual

Os jesuítas, quando pregam um Retiro espiritual, costumam dividir as meditações em três pontos. O Papa Francisco faz o mesmo nas suas homilias. Lembro-me de um livro espiritual que encontrei na minha juventude, nessa idade em que um bom livro pode nos ajudar a orientar toda a nossa vida no caminho do bem. Era um livro antigo, escrito por um antigo jesuíta, Maurício Meschler (1830-1912), que teve a boa ideia de sintetizar a vida espiritual em três princípios fundamentais.

O P. Meschler, que era suíço, escrevia em alemão. Seu livro se intitulava Drei Grundlehren des geistlichen Lebens (“Três Princípios de Vida Espiritual”). Publicado pela Editora Herder, o livro foi logo traduzido ao italiano, ao francês, ao inglês, ao húngaro, ao castelhano e ao português. A tradução portuguesa, de 1923, se intitulava A Vida Espiritual reduzida a Três Princípios. Recentemente, duas pequenas editoras católicas (Editora Cléofas e Cultor de Livros) fizeram uma nova edição.

Os três princípios fundamentais da vida espiritual, segundo o P. Maurício Meschler, são: Beten (“orar”), sich überwinden (“vencer-se”), den göttlichen Heiland lieben (“amar o Divino Salvador”).

1 – Toda vida espiritual começa com a oração, que não é outra coisa senão falar com Deus, adorando-O, louvando-O, dando-lhe graças, pedindo-lhe perdão por nossos pecados e intercedendo pelas necessidades próprias e alheias. O autor falava da “oração vocal”, da “oração mental”, das “devoções na Igreja” e, finalmente, do “espírito de oração”.

2 – Os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, que o P. Meschler fez e pregou muitas vezes, têm por finalidade “vencer a si mesmo e ordenar a própria vida, sem se determinar por nenhuma afeição desordenada”. Todos os santos, todos os autores cristãos sabem que a vida do homem sobre a terra é luta (Jó 7,1), “combate espiritual”. São Paulo o disse com muito realismo: “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7,19). Para fazer o bem, para amar de verdade, precisamos lutar contra o mal que se esconde em nosso próprio coração.

3 – Finalmente, toda a vida espiritual do cristão se resume em “conhecer, amar e seguir Nosso Divino Salvador”, Jesus Cristo. É Nele que encontramos força para sair-nos vencedores na luta contra nosso egoísmo. Como não amar quem tanto nos amou? “Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada? (…) Pois em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou” (Rm 8,35-37).

Padre Luís González-Quevedo, sj

jesuíta, pregador de Retiros

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